terça-feira, 31 de maio de 2011

PROJETO "COMUNICAÇÃO E CIDADANIA"

PROJETO COMUNICAÇÃO E CIDADANIA

JUSTIFICATIVA

            A escola deve ter como meta a formação do cidadão em todo e qualquer trabalho nela e por ela desenvolvidos.
São, na atualidade, os meios de comunicação – jornal, revista, rádio, TV, Internet e a telemática – os meios pelos quais os seres humanos se comunicam, buscam informações e se inteiram sobre os acontecimentos. A partir deles nasce um novo paradigma, no qual cabem as mais diferentes formas de linguagens: culta, popular, gírias ou qualquer outra.
Este projeto tem por finalidade apresentar aos alunos as várias modalidades de comunicação existentes, assim como as suas linguagens e ainda demonstrar quão importância são para a formação da cidadania e para o cotidiano do cidadão.
            De forma transdisciplinar e buscando desenvolver o conhecimento global, a partir da cidade de Sobradinho, o aluno e a aluna envolvidos neste projeto, poderão aprender e apresentar, na prática, o seu conhecimento – já adquirido – bem como as suas descobertas a partir deste.
            

1- OBJETIVOS GERAIS: promover o conhecimento unindo os meios de comunicação, linguagens, pesquisa e criatividade artística, para, a partir deste, facilitar a formação crítica e cidadã.

1.1-         OBJETIVOS ESPECÍFICOS: analisar os meios de comunicação e suas linguagens, buscando compreender quais são os benefícios e os malefícios que os mesmos trazem à sociedade, bem como o uso dos mesmos por cada segmento social.

2- PÚBLICO ALVO: Alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Vila São Joaquim.

4- RECURSOS DIDÁTICOS:
-          INTERNET.
-          Biblioteca.
-          Livros, jornais e revistas.

5- ESTRATÉGIAS:
-          Trabalho transdisciplinar sobre os mais variados tipos de comunicação.
-          Pesquisa de campo.
-          Estudo, interpretação e criação de textos e gráficos.
-          Desenvolvimento de roteiros.

6- CONTEÚDOS:
-          Pesquisa sobre os diferentes tipos de comunicação: funcionamento, montagem, direcionamento, público alvo, custos, aceitação pública...
-          Desenvolvimento de trabalhos científicos (de acordo com a ABNT).
-          Estudo e elaboração de tabelas e gráficos.
-          Pesquisa de campo sobre os tipos de comunicação mais usados pela sociedade sobradinhense.
-          Desenvolvimento de roteiros de trabalho e entrevistas.
-          Criação do cronograma de trabalho de cada grupo.

7- METODOLOGIA:
7.1- A turma, através de seus respectivos grupos, levantará informações sobre o meio de comunicação cabível, buscando levantar o máximo possível de dados para conhecer sobre o referido meio (se jornal, revista, rádio, TV, Internet ou a telemática);
7.2- De posse desses dados, desenvolverá um questionário para a realização de uma pesquisa de campo para saber  o quanto o meio de comunicação pesquisado é aceito nesta comunidade, bem como a sua preferência;
7.3- Cada grupo construirá um relatório descrevendo suas ações e neste inserirá todos os dados levantados, incluindo gráficos, tabelas e o que mais for necessário, devendo organizar o seu levantamento e, juntamente com o trabalho científico, montar um seminário para ser apresentado na data marcada;
7.4- Após o seminário, cada grupo deverá criar uma matéria ou uma forma para fazer a apresentação do seu meio de comunicação. Esta deverá ser realizada de forma criativa e dinâmica.
7.5- Distribuição dos grupos:
GRUPO
TÍTULO
1
JORNAL IMPRESSO – DEFINIÇÃO E SUAS LINGUAGENS
2
REVISTA – DEFINIÇÃO E SUAS LINGUAGENS
3
RÁDIO – DEFINIÇÃO E SUAS LINGUAGENS
4
TV – DEFINIÇÃO E SUAS LINGUAGENS
5
INTERNET – DEFINIÇÃO E SUAS LINGUAGENS
6
TELEMÁTICA – DEFINIÇÃO E SUAS LINGUAGENS


8- CRONOGRAMA DE ATIVIDADES:
DIA/MÊS
ATIVIDADE
LOCAL
PONTUAÇÃO
11/05/11
- Sorteio do tema para cada equipe.
Sala de aula.
--------
25/05/11
- Apresentação dos trabalhos escritos à turma.
Sala de aula.
2 pontos
01/06/11
- Seminário.
Sala de aula.
3 pontos
22/06/11
- Trabalho artístico/criativo (apresentação do seu meio de comunicação).
Sala de aula.
5 pontos


9 – AVALIAÇÃO:

O processo de ENSINO/APRENDIZAGEM se dá através de uma parceria onde o educador, mesmo sendo o mediador desse ensinar, é aquele que se surpreende e aprende com o seu alunos. Assim, como educador que é, acompanha toda a evolução de seu alunos, onde aquele passa a perceber todas as fases de crescimento, de um e do outro, sujeitos no processo que é permanente.
Além disto, verificar o envolvimento e o compromisso de cada membro que compõe os grupos, assim como o seu desenvolvimento, interação e cooperação com e em grupo, fazem-se indispensáveis neste processo de conhecimento e crescimento – pessoal, enquanto cidadão, e discente – futuro profissional.

domingo, 29 de maio de 2011

ROTEIRO PARA TV

O JULGAMENTO DA INDEPENDÊNCIA
Por BOMFIM OLIVEIRA
Plano da direção:
             O filme se passa integral e totalmente no âmbito de um fórum, mais especificamente na sala de julgamento, onde podem ser vistas poltronas para a platéia, local para a segurança, mesas para o réu, advogados de defesa e acusação, além, é claro, da mesa do juiz e ao seu lado outra mesa com um computador portátil e uma impressora moderna.
A sala tem três portas: uma, de onde sai o juiz, outra ao fundo da sala, por onde entram e saem as pessoas que fazem parte da platéia e a última por onde passam seguranças, advogados e réu.
A iluminação deve ser constante, pois se trata de um julgamento e a visualização deve ser a melhor possível, retratando a luz do dia.
A platéia deverá se fazer presente desde o início da filmagem. Esta platéia, que está ali para assistir ao julgamento, esboçará pouquíssimas reações, uma vez que o juiz já entrará pedindo silêncio num ambiente que se encontra sem qualquer barulho, pois o mesmo se mostrará “durão” e implacável com todos. Esta poderá rir nos momentos de comicidade, motivo que fará o juiz se enraivecer e, em determinados momentos bater com muita veemência na mesa com o seu martelo – que para dar mais graça, deverá ser do tipo “martelo de carpinteiro”: aquele que tem de um lado dois dentes para retirar pregos e o lado oposto serve para bater os pregos.
A bancada onde se encontram os jurados deve ser em forma de arena e todos deverão usar toga.
Os móveis deverão ser em estilo colonial ou antigos, objetivando a visualização de seriedade, afinal a sala do júri deve passar a imagem de um local onde “a justiça se faz”.
Os closes estão discriminados em cada cena no script. Porém, as câmaras devem estar posicionadas nas laterais (entre a platéia e o corpo de jurados – do lado esquerdo ao juiz – e entre o próprio juiz e a platéia – do seu lado direito), contando um total de três ou quatro câmaras.
Personagens:
- PEDRO DE ALCÂNTARA FRANCISCO ANTÔNIO JOÃO CARLOS XAVIER DE PAULA MIGUEL RAFAEL JOAQUIM JOSÉ GONZAGA PASCOAL CIPRIANO SERAFIM DE BRAGANÇA E BOURBUM, vulgo, Dom Pedro:
Tem jeito malandro carioca, veste-se inteiramente de branco e portando um chapéu também branco, “O Imperador” (Dom Pedro) mostra-se conquistador, malandro, com ginga de sambista. Acha-se altamente irresistível e coloca-se a conquistar qualquer mulher que se apresente na platéia ou no corpo de jurados.
- INDEPENDÊNCIA DA SILVA DOS SANTOS, a RÉ:
Ingênua, de voz melosa, usa uma saia curtíssima, justa e desfiada, dando aparência de roupa velha. Atende prontamente ao que lhe é pedido. Sua maquiagem é carregada no blush, na sombra e o batom é muito vermelho. Usa linguagem vulgar, gírias e palavras de baixo calão – que são sempre interrompidas por algum dos participantes.
- INGLATERRA FLAWINSK, a TESTEMUNHA DE DEFESA:
Apresenta-se muito séria. Veste-se socialmente e fala o necessário, utilizando uma linguagem culta, impecável.
- ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA DO NORTE, também TESTEMUNHA DE DEFESA:
Faz uma certa mistura entre roupa social e esportiva, mas deixa ver algumas notas de dólares a escapar por alguns dos bolsos. É altamente interesseiro e se mostra ávido por dinheiro.
- PARTIDO COMUNISTA – PC –, é uma das TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO:
Vestido de vermelho, procura sempre incitar o corpo de jurados e a platéia, mesmo os dois se mantendo insensíveis, imóveis, inatingíveis.
- CENTRAL ÚNICA DOS BRASÕES – CUB –, é a segunda TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO:
Também usa vermelho e um grande brasão onde se ler em vermelho a sua sigla CUB.
- CENTRAL GERAL DOS BRASÕES – CGB –, é a terceira e última TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO:
Veste-se tal qual a CUB, trocando-se apenas esta sigla por CGB.
- JUIZ:
Fechado, sério, não expressa qualquer sentimento, usa uma toga negra, onde vez ou outra deixa ver que veste uma camisa onde está escrito: “Independência ou Morte”.
- PLATÉIA:
Fica estática. Rir quando há alguma cena engraçada, mas na primeira martelada do juiz todos param ao mesmo tempo.
- CORPO DE JURADOS:
Mostra-se atendo, mas não esboça qualquer reação.
TRILHA SONORA: 
- Hino da Independência do Brasil;
- Brasil, mostra tua cara;
- Nordeste independente;
- Músicas clássicas.
SCRIPT:   “O JULGAMENTO DA INDEPENDÊNCIA
Toca-se uma música clássica.
Abre-se a porta de acesso do juiz. Ele sai acompanhado por quatro seguranças: um à sua frente, um atrás e um em cada lado: todos observam desconfiada e exageradamente todos os lugares e movimentos.
A câmara dar uma geral no grupo, inicialmente, para em seguida fazer um close do juiz.
Este senta e já pega o martelo e bate com veemência à mesa:
- JUIZ: Silêncio! Silêncio! Se continuarem com todo esse barulho irei esvaziar o recinto!
Baixinho confessa seu desejo.
- JUIZ: Eu sempre quis dizer isso!
Dar uma risada de bruxo.
- JUIZ: Assim está melhor! Estamos aqui hoje para julgar a Senhora Independência da Silva Santos.
Que entre a Ré!
Começa a toca o hino da Independência e entra a Independência de costas – a marcha ré.
A câmara do lado esquerdo a mostra por inteira. Mas a câmara que está posicionada ao lado direito dar-lhe close iniciando dos pés até chegar ao rosto, que deve estar fazendo biquinho imitando o som de motor.
Neste momento ouve-se a música “Brasil, mostra a tua cara, quero ver quem paga, prá gente ficar assim...”, com Cazuza.
O juiz fica enfurecido, pega seu martelo e começa a bater na mesa aos gritos.
A platéia rir.  
- JUIZ: Ei! Ei! Ei! O que é isto?
Ingênua e provocantemente a Independência responde olhando o juiz.
Close em seu rosto.
- INDEPENDÊNCIA: Mas você não me mandou entrar de ré?!
O juiz fica ainda mais enfurecido. Enquanto a platéia rir.
- JUIZ: Primeiro a senhora me respeite! Sou Meretíssimo Senhor Juiz de Direito!
E em segundo lugar, sua burra, eu não lhe mandei entrar de ré. Eu mandei entrar a ré!
Mais uma vez, ingenuamente ela responde.
- INDEPENDÊNCIA: E não foi o que eu fiz? Engatei a ré (faz gesto de quem está dirigindo e coloca marcha à ré) e entrei. Além do mais eu sou a Independência da Silva dos Santos. Entro como bem quiser.
Faz gesto de desconsiderar o que diz a Independência.
- JUIZ: Que entre o Imperad... quero dizer: que entre o cúmplice Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbum.
Entra com a “ginga” de malandro e se dirige para a Independência, desconsiderando a presença de todas as pessoas que ali se encontram. Então a abraça, beija-lhe o pescoço, aperta-a efusivamente...
A Independência, por sua vez, aceita toda carícia e parece se entregar completamente às delícias que a cair nos braços de D. Pedro. Mas repentinamente grita.
- INDEPENDÊNCIA: Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaara peste!!!!!!!!!!!! Tu me deixa toda arrepiada e muito ex...
- JUIZ: Podem ir parando por aí...
Os dois não dão qualquer atenção ao juiz, o ignorando por completo.
- DOM PEDRO: Meu Amorzinho, o que está acontecendo? Você nunca me recusou!
- INDEPENDÊNCIA: Se você fizer isso outra vez, eu não aguento e tiro a roupa toda aqui mesmo – eu vou ficar pel...
O juiz mais uma vez interfere, agora batendo com o seu martelo à mesa.
- JUIZ: Eu não vou admitir isto em meu julgamento... quero dizer, no julgamento da Independência... Não faça isto minha senhora... quero dizer, dele... Enfim: não faça isto aqui...
Retomando o fôlego, procura compor a beca que até bem pouco estava completamente erguida em razão de sua admiração pelo romance que ele assistia com bastante entusiasmo e na camisa se lia: “Independência ou Morte”.
- JUIZ: Que entrem as testemunhas de defesa: O Senhor Estados Unidos das Américas e a Senhora Inglaterra Flawinsk!
Os Estados Unidos e a Inglaterra entram de mãos dadas e se dirigem à Independência. A Inglaterra a abraça e a beija cordialmente, mas os Estados Unidos a abraça e a aperta, dando-lhe um beijo no rosto bem demorado.
A Independência faz gestos de estar gostando e rir.
Os dois voltam a dar as mãos e vão se sentar no banco das testemunhas, mas antes fazem um sinal para o juiz, que retribui e dar um discreto sorriso, logo se recompondo.
- JUIZ: Que entrem as testemunhas de acusação: a Central Única dos Brasões, a Central Geral dos Brasões e o Partido Comunista!
Ouve-se a música que foi roteiro da última campanha para Presidente de Lula.
Os três entram exibindo suas camisas.
A câmera foca cada um em seus detalhes:
O CUB trás uma enxada às costas, enquanto na outra mão vê-se um cartaz com a inscrição: PARALISAÇÃO JÁ!
A CGB porta uma foice à mão e na outra um cartaz: REPOSIÇÃO DE 568% OU GREVE.
Já o PC trás o cartaz: RUIM POR RUIM VOTE EM MIM!
O juiz estranha toda aquela movimentação, mas nada comenta. Apenas gesticula com o rosto, fazendo-se entender que não acredita em nada daquilo.
- JUIZ: Vamos dar início ao julgamento. (começa a ler um livro muito grosso). A Senhora Independência da Silva dos Santos é acusada de ter sido proclamada à 07 de setembro de 1822, por Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança E Bourbum e até a presente data nada ter feito para ajudar ao seu País.
A acusação diz ainda que esta Senhora Independência só fez pactos com o Senhor Estados Unidos e com a Senhora Inglaterra e, a partir daí, ela e o Senhor Estados Unidos tiveram um filho que cresce a olhos vistos: o Fundo Monetário Internacional, popularmente conhecido como FMI.
Senhor Pedro de Alcântara e todo o resto, o que o senhor tem a dizer sobre esta denúncia?
Dom Pedro levanta, olha bem o juiz e se dirige à Independência cantando.
- DOM PEDRO:
“Entre tapas e beijos,
É ódio, é desejo,
É sonho, é ternura...
Um casal que se ama,
Até mesmo no fórum,
Fazem loucura...”
Enquanto cantava ia se aproximando da Independência e ela, por sua vez, levantou e se dirigiu a ele.
Os dois, como se dançassem, abraçavam-se.
PC, CGB e CUB cantam.
- PC, CGE e CUB:
“Lá vai ele,
Com a cabeça enfeitada...”
Dom Pedro não gosta. Larga a Independência e parte para os três. Ela tenta segurá-lo, mas não consegue. Dom Pedro é agarrado pelas testemunhas de defesa, enquanto os três ficam à distância o provocando e o chamando.
Neste ínterim toca-se uma música que dá ideia de rapidez.
O juiz está a ponto de loucura, já quase afundando parte da mesa com o martelo, pois está gritando silêncio há algum tempo e não é escutado.
- JUIZ: Silêncio! Silêncio! Silêncio! Silêêêêêêêncioooooooooooo!
Todos param, voltam aos seus lugares. O juiz se recompõe, uma vez que a toga voltou a subir a frase “Independência ou Morte” voltou a aparecer.
- JUIZ: Senhores se comportem! O que os senhores pretendem fazer?
O PC toma a palavra e começa a cantar.
- PC:
“Já que existe no Sul esse conceito,
Que o Nordeste é ruim seco e ingrato,
Já que existe a separação de fato,
É preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso for feito,
Todos dois vão lucrar imensamente,
Começando uma vida diferente,
Da que até hoje a gente tem vivido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.”
- CUB e CGB:
“Dividindo a partir de Salvador,
O Nordeste seria outro País:
Vigoroso, leal, rico e feliz,
Sem dever a ninguém no exterior.
Jangadeiro seria o Senador,
O cassaco da roça era o suplente,
Cantador de viola o Presidente
E o vaqueiro era o líder do partido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.”
- PC:
“Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar,
Nesse nosso País vai encontrar
Confiança, respeito, amizade.
Tem o pão repartido na metade,
Tem o prato na mesa, a cama quente.
Brasileiro será irmão da gente,
Vai prá lá que vai ser bem recebido.
Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente.”
O juiz, os EUA e a Inglaterra ficam revoltados: levantam-se e ao mesmo tempo falam.
- JUIZ, EUA e INGLATERRA: Protesto! Isto é um absurdo!
O juiz mais uma vez tenta se recompor.
PC, CGB e CUB voltam ao seu lugar e sentam-se.
A câmera se volta ao juiz.
- JUIZ: O que tem a dizer a ré?
Independência, com toda sua ingenuidade, fala mansamente.
- INDEPENDÊNCIA: Quem? Eu?
O juiz, indignado, olha atentamente para a Independência.
- JUIZ: E por acaso tem outra ré por aqui?
Levantando-se, coloca o bumbum para traz provocantemente, faz gesto de que está dirigindo, coloca marcha à ré dirigindo-se ao juiz, fala.
- INDEPENDÊNCIA: Tem sim senhor, a minha ré!
- D. PEDRO: Meu amor, não se exponha assim. Já me chamaram de corno aqui mesmo e agora você faz uma coisa desta com o Meretíssimo Juiz! Do que vão me chamar agora?
A câmera foca o juiz que está sem falas, olhando o bumbum da Independência. PC, CGB e CUB estão olhando com um grande sorriso nos lábios, mas com ar de reprovação.
Agora o juiz levanta a toga a propósito e mostra à Independência a inscrição em sua camisa.
Tentando buscar a fala o juiz fala.
- JUIZ: Meu amorzi... Minha Senhora Independência, por favor, não faça isso!
Ela rebola diante dele, passa-lhe a mão em seu queixo, olha-lhe nos olhos e voltando para seu lugar.
- INDEPENDÊNCIA: Sim, Senhor!
O juiz finalmente se recompõe e, dando-se conta de onde está.
- JUIZ: Ai, ai, ai! Mas se ela me desse bola!
Silêncio! Silêncio! Eu exijo respeito neste tribunal!
Porém o silêncio era total. Ninguém falava absolutamente nada. Apenas olhavam para ele e para ela.
- JUIZ: Senhor PC, sem muita conversa, o que o senhor tem a dizer?
- PC: Eu quero dizer que esta Senhora, em toda sua vida, nada fez para se distanciar desses três aproveitadores. Que se aproveitando da sua incompetência e ingenuidade, foi levada pelo senhor Pedro não sei das quantas a pedir dinheiro para a esta tal de Inglaterra e com isto ela, juntamente com os Estados Unidos se aproveitaram para importar os produtos que são nossos por direito, pois somos nós que produzimos e não ficamos com absolutamente nada, muito pelo contrário: a nossa população morre de fome. Vejam como exemplo as cidades de Petrolina, em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia: as duas ficam no centro da Região Semiárida, produzem tudo o que há de melhor em hortifrutigranjeiros e parte da população dessas cidades passa fome. Isto graças a esta tal de Independência que é dependente totalmente desses países. Manda pra lá o que há de melhor, deixando os produtos de terceira ou quinta qualidade para nós por um preço absurdo e ainda não dá direito a quem planta e colhe comer o fruto do seu próprio trabalho. Mas também: os dois geraram o tal do FMI, o filhinho que eles engordam e deixam crescer comendo às nossas custas.
Esta senhora é culpada!
Culpada!
Culpada!
Culpada!
PC faz isto tentando incitar a platéia que permanece inerte. Mas no momento em que CGB e CUB começam a acompanhá-lo, o juiz interfere.
- JUIZ: Silêncio! Silêncio! Silêncio! Vocês acham que isto aqui é o quê?
- PC: “Isso aqui tá brincadeira,
Ou será que não está?”
- CUB e CGB:
“Tá! Tá, tá!...
Brasileiro, brasileira,
tá na hora de virar...”
- PC:
“A panelinha armada,
Tem muita brasa
E ninguém bota prá ferver...”
- CUB e CGB: “Isso aqui tá brincadeira...”
A câmera se volta para a platéia porque alguns dos expectadores começam a dançar, o que incomoda grandemente ao juiz, que percebeu a interação com o povo.
O juiz fica muito bravo e, mais uma vez, bate com muita força na mesa.
- JUIZ: Silêncio! Silêncio! Mais uma algazarra desta eu esvaziarei a plenária e toda esta platéia será retirada para bem longe do tribunal.
Senhora Inglaterra, o que a senhora tem a dizer em relação a isto?
- INGLATERRA: Dirijo-me a Vossa Excelência com a maior satisfação. E vos digo sem qualquer sobressalto: tudo o que foi realizado em favor desta Senhora, a Independência da Silva, foi feito sem qualquer intenção que não de solidariedade e pura beneficência. Afinal, pude observar que ela necessitava de um apoio moral e financeiro também, mas nada disto foi cobrado. O único retorno que fora solicitado foi de que mantivéssemos nossa amizade, mas sem qualquer intenção. Assim, Meritíssimo, acredito que esta seja a senhora que ainda dará muito prazer a este País tão rico: cheio de recursos naturais, dono de um povo acolhedor, detentor da maior parte da maior floresta do mundo, rico em terras férteis e jazidas, dentre tantas outras coisas.
Então, Digníssimo Juiz, não há razão para se acusar senhora tão distinta e cheia de vida. Como se pode ver a Senhora Independência é muito boa para os brasileiros e todos ficam felizes em tê-la.
Viva a Independência, gente brasileira!
- CUB: Como assim: viva a Independência!?
São vocês os mais beneficiados, não é?
Saibam todos: foi com este gesto de “solidariedade” de Dona Inglaterra que tudo começou, pois foi a partir daí, com esse acolhimento, que ela fez toda essa “chambregança” e nasceu o tal FMI. Filhinho que eles tanto engordam à nossas custas. Quer dizer: nós trabalhamos, mas o lucro do nosso suor não é aproveitado por nós, mas sim pela Senhora Inglaterra, Estados Unidos e os outros tantos que vivem mamando no Brasil.
- CGB: E ainda por cima, têm uns aí que apoiam totalmente o governo quando ele nos nega aumento salarial e nós deflagramos uma greve: ele vem e diz que a greve é ilegal.
Quando será que o trabalhador vai ter direitos verdadeiramente neste País? Pois o governo nega tais direitos. A justiça apoio o governo. Os outros países levam o que nós produzimos e o que temos de melhor. Onde vamos parar?
Senhor juiz, condena logo essa tal de Independência a se desligar desses países e a esquecer o tal FMI. Nós temos greve pra fazer.
O juiz já não sabe o que dizer e recorre aos Estados Unidos que até agora só observou.
- JUIZ: Senhor Estados Unidos, diga alguma coisa, por favor!
- EUA: Excelência, Excelência, Excelência!
Vossa Magistratura sabe muito bem que eu, na verdade, só dei um apoio moral. Não fiz nada de ilegal e minha querida amiga Independência da Silva também não!
Tudo o que nós fizemos foi nos ajudarmos, pois “uma mão lava a outra e as duas juntas lavam o rosto”.
Ela me procurou num momento de muita carência (faz gesto com os dedos indicando dinheiro) e tudo o que fiz foi atendê-la de forma gentil e carinhosa, dando-lhe tudo o que ela necessitava.
Tudo isto é coisa da oposição, de gente invejosa, desordeira...
Vamos resolver isto pacificamente (mais uma vez faz gesto com os dedos indicando dinheiro).
- CGB: O que necessitava mesmo, não é? Foi tão bem feito que nasceu o filhinho gordinho e que não para de comer, aquele tal de FMI. Enquanto isto ficam os nossos filhos aqui morrendo de fome ou então comendo palmas para sobreviver por mais alguns dias.
Os Estados Unidos fica zangado. Parte para a CGB e quer pegá-la. Mas os demais o seguram.
O juiz a esta altura encontra-se atônito. Instala-se um princípio de tumulto. A platéia começa a se mobilizar e emite algumas palavras de revolta.
Mais uma vez as câmeras se voltam para a platéia.
Em pé, alguns indivíduos gritam.
- PLATÉIA:
Queremos dignidade!
Queremos alimentos decentes!
Queremos empregos!
Queremos salários justos!
Ainda sem saber o que fazer o juiz só bate com seu martelo e grita.
- JUIZ: Silêncio! Silêncio!
Aproximando-se dos Estados Unidos, a Independência tenta acalmá-lo.
- INDEPENDÊNCIA: Meu amorzinho deixa isso prá lá. Tudo o que eles têm é muita inveja, afinal ninguém sabe fazer carinho tão gostoso quanto você...!
- D. PEDRO: Cala a boca, peste! Queres me comprometer ainda mais do que já estou?
A Independência ignora completamente as palavras de D. Pedro e se dirige ao juiz com jeito meloso e provocante. Fala-lhe bem juntinho de seu rosto passando-lhe a mão em seu queixo.
- INDEPENDÊNCIA: (Com D. Pedro) Tá bom, homem! Tá bom! Vou resolver isto! (Para o juiz) Ilustríssima Senhor Doutor Excelência Magníssimo Juiz, por favor, eu já tô tão cansadinha, deixa eu ir prá casa, o senhor pode passar lá depois prá nós tomar um chocolate gelado.
O juiz, por sua vez, fica todo derretido e meloso com a Independência e resolve concluir o julgamento.   
- JUIZ: Sim, doçura, vamos embora!
Senhores e senhoras, já temos todos os depoimentos. Vamos nos recolher e em dez minutos daremos o veredicto final.
O juiz se retira com o corpo de jurados.
Logo que o juiz sai, os Estados Unidos e Dom Pedro partem para a Independência e agarram-na ao mesmo tempo. Dom Pedro, porém, não gosta.
- D. PEDRO: Um momento! Um momento! Assim não dá! Assim não dá! A mulher é minha! Fui eu quem a encontrei e a proclamei minha! Mas mesmo assim, por alguma coisinha extra (agora é D. Pedro quem faz gesto de dinheiro com os dedos), quem sabe hoje!
A Independência gosta da ideia e começa a rir.
Enquanto estão ali, fazendo carinho na Independência, PC, CGB e CUB criticam com os olhos.
Neste ínterim chega o juiz, que bate à mesa com muita força, pois a platéia já não está mais calada: alguns estão de pé, outros conversam animadamente e demoram a atender o que determina o juiz.
- JUIZ: Silêncio! Silêncio! Silêncio!
Dirigindo-se à platéia, o juiz pergunta: senhores e senhoras, o que vocês acham que estão fazendo?
Neste momento, levantam-se o PC, a CGB e a CUB e toda a platéia fica de pé e começam a cantar.
- PC, CGB, CUB e TODA PLATÉIA:
“Brasil, mostra tua cara,
Quero ver quem paga
Prá gente ficar assim.
Brasil, qual é o teu negócio,
O nome do teu sócio, confia em mim...
Brasil, qual é o teu negócio?
A música toca. Todos sambam e cantam.
O juiz está em estado de loucura a bater desesperadamente na mesa com o seu martelo.
Os Estados Unidos e a Inglaterra vão saindo de fininho.
As testemunhas de defesa os acompanham.
O PC, a CGB e a CUB vão para o meio do povo e entram no ritmo.
Aos poucos as luzes vão sendo apagadas e a música continha.
Ouvem-se apenas as vozes de festa, da comemoração.
O FIM
Bomfim de Oliveira